"Todos servem primeiro o melhor vinho... mas você guardou o melhor até agora" (ressonância do chefe de cerimônia ao provar o vinho - João 2.10)
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
simples
Como custa ao ser humano aprender que a satisfação da vida está em coisas tão simples e pequenas, mas belas...
A frustração e desespero humano, muitas vezes, acontece depois de não considerarem e mutilarem a beleza da vida presente naquilo que é pequeno, simples e, depois, vivem caricaturando a vida de grandeza pela multiplicação de números e expectativas. Assim aumentando de tamanho, como os romanos, tropeçando em seus predecessores gregos - incapazes de fazer coisas bonitas, eles as faziam grandes.
As razões para viver podem estar num abraço, sorriso, olhar, no silêncio da noite, no beijo de boa noite em seu filho, nas mãos dadas com a esposa... nos gestos simples, mas bonitos!
RF
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Outras bem aventuranças
Seja verdadeiro e constante,
Ame com intensidade,
Sofra sem medo e constrangimento
E serás bem aventurado!
RF 21/05/10
terça-feira, 18 de maio de 2010
Tempo
Quem é mestre na arte de
viver distingue pouco entre o
trabalho e o seu tempo livre, entre a
sua mente e o seu corpo, a sua
educação e a sua recreação, o seu amor
e a sua religião. Dificilmente sabe o que
cada coisa vem a ser. Persegue
simplesmente a sua visão de excelência
em qualquer coisa que faça, deixando
aos outros decidir se está trabalhando
ou se divertindo. Ele pensa sempre
em fazer ambas as coisas juntas.
(Pensamento Zen)
terça-feira, 11 de maio de 2010
O drama de Urias
Por Ricardo Gondim
Sou fascinado com as tragédias bíblicas. Sedução, vingança, amizade, heroísmo e traição permeiam muitas narrativas do Antigo Testamento. A história do soldado Urias, marido da famosa Betseba, me chama a atenção. Infelizmente, na maioria dos relatos, Urias consta como um personagem coadjuvante. Mas, ele é importante, pois sua vida foi tragicamente descartada em uma trama bem complexa. Urias foi assassinado para que o rei Davi livrasse a cara em um adultério estúpido. A história desse homicídio deve ser considerada uma das mais sórdidas conspirações já escritas na literatura.
A narrativa é bem conhecida. Em uma tarde qualquer, Davi passeava pela murada do palácio quando seus olhos contemplaram uma belíssima mulher tomando banho. A pele morena, os cabelos negros, os seios bem delineados, somaram-se ao lusco-fusco para criar um clima sedutor. E Davi não resistiu. Ordenou que lhe trouxessem a mulher para uma noite de delícias. Alguém com um mínimo de bom senso deve ter alertado: “Esta não, ela tem marido”. Mas Urias estava longe; dava para enganá-lo sem grande problemas. No campo de batalha, ele nunca suspeitaria da Majestade. Seduzido Davi estava e seduzido continuou.
Mesmo sabendo que poderia dar errado, o romance se consumou e aconteceu o pior: Betseba engravidou. Procurando encobrir o malfeito, Davi mandou trazer Urias para um sabático. A gravidez ainda precoce talvez ficasse eclipsada diante da libido vertiginosa de um soldado. Davi imaginou que Urias perderia as contas do número de relações sexuais e dos meses que faltavam até o nascimento da criança. Mas Urias recusou a oferta do rei; não dava para cogitar o prazer enquanto a Arca do Concerto, a honra de Israel e a dignidade do reinado dependessem dos inimigos.
Encurralado, o rei armou um plano sórdido - sordidez, geralmente, nasce de mentes encurraladas. Davi devolveu Urias para front. O general recebeu ordens específicas para recuar no ardor da batalha. O objetivo era claro, expor Urias; deixá-lo vulnerável, indefeso. Aconteceu como previsto. A lança do inimigo o abateu. Morto o soldado Urias, o rei podia casar-se, assumir o filho e tocar os negócios da corte sem ser incriminado.
Imagino o desespero de Urias quando as tropas recuavam. Ele deve ter se desesperado: “Por quê? Por quê?”. Penso também no comandante que gritou a ordem de voltar atrás. Para defender o cargo, para mostrar lealdade militar, para não quebrar a hierarquia, ele sacrificava o amigo. Muitas vezes senti a dor de Urias. Eu também fui incentivado a marchar para me ver sem amigos. Mobilizado por companheiros de ideais, também dei a cara a bater para depois ficar sozinho. Dói, insisto, notar que os golpes se multiplicaram e não ter com quem dividir o sofrimento.
É ruim olhar ao redor e ver os amigos de costas. Urias recebeu o baque e agonizou sem entender nada. Estou certo que sua maior dor não veio da arma inimiga, mas de não compreender a razão de seus companheiros agirem daquela maneira. Urias não conseguia atinar: havia interesses mais elevados; sua vida precisava ser gasta para preservar a reputação do rei.
Contudo, mesmo que alguém lhe contasse o que acontecia nos bastidores, não aliviaria o sofrimento. Não é fácil perceber que antigas lealdades têm que ser jogadas fora em nome de projetos institucionais. Pobre Urias, sua morte trágica revelou a bestialidade do rei, o servilismo dos soldados e a banalidade da vida. Não era para ser assim, mas foi. Depois, Deus cobrou de Davi, mas isso é outra história...
Sou fascinado com as tragédias bíblicas. Sedução, vingança, amizade, heroísmo e traição permeiam muitas narrativas do Antigo Testamento. A história do soldado Urias, marido da famosa Betseba, me chama a atenção. Infelizmente, na maioria dos relatos, Urias consta como um personagem coadjuvante. Mas, ele é importante, pois sua vida foi tragicamente descartada em uma trama bem complexa. Urias foi assassinado para que o rei Davi livrasse a cara em um adultério estúpido. A história desse homicídio deve ser considerada uma das mais sórdidas conspirações já escritas na literatura.
A narrativa é bem conhecida. Em uma tarde qualquer, Davi passeava pela murada do palácio quando seus olhos contemplaram uma belíssima mulher tomando banho. A pele morena, os cabelos negros, os seios bem delineados, somaram-se ao lusco-fusco para criar um clima sedutor. E Davi não resistiu. Ordenou que lhe trouxessem a mulher para uma noite de delícias. Alguém com um mínimo de bom senso deve ter alertado: “Esta não, ela tem marido”. Mas Urias estava longe; dava para enganá-lo sem grande problemas. No campo de batalha, ele nunca suspeitaria da Majestade. Seduzido Davi estava e seduzido continuou.
Mesmo sabendo que poderia dar errado, o romance se consumou e aconteceu o pior: Betseba engravidou. Procurando encobrir o malfeito, Davi mandou trazer Urias para um sabático. A gravidez ainda precoce talvez ficasse eclipsada diante da libido vertiginosa de um soldado. Davi imaginou que Urias perderia as contas do número de relações sexuais e dos meses que faltavam até o nascimento da criança. Mas Urias recusou a oferta do rei; não dava para cogitar o prazer enquanto a Arca do Concerto, a honra de Israel e a dignidade do reinado dependessem dos inimigos.
Encurralado, o rei armou um plano sórdido - sordidez, geralmente, nasce de mentes encurraladas. Davi devolveu Urias para front. O general recebeu ordens específicas para recuar no ardor da batalha. O objetivo era claro, expor Urias; deixá-lo vulnerável, indefeso. Aconteceu como previsto. A lança do inimigo o abateu. Morto o soldado Urias, o rei podia casar-se, assumir o filho e tocar os negócios da corte sem ser incriminado.
Imagino o desespero de Urias quando as tropas recuavam. Ele deve ter se desesperado: “Por quê? Por quê?”. Penso também no comandante que gritou a ordem de voltar atrás. Para defender o cargo, para mostrar lealdade militar, para não quebrar a hierarquia, ele sacrificava o amigo. Muitas vezes senti a dor de Urias. Eu também fui incentivado a marchar para me ver sem amigos. Mobilizado por companheiros de ideais, também dei a cara a bater para depois ficar sozinho. Dói, insisto, notar que os golpes se multiplicaram e não ter com quem dividir o sofrimento.
É ruim olhar ao redor e ver os amigos de costas. Urias recebeu o baque e agonizou sem entender nada. Estou certo que sua maior dor não veio da arma inimiga, mas de não compreender a razão de seus companheiros agirem daquela maneira. Urias não conseguia atinar: havia interesses mais elevados; sua vida precisava ser gasta para preservar a reputação do rei.
Contudo, mesmo que alguém lhe contasse o que acontecia nos bastidores, não aliviaria o sofrimento. Não é fácil perceber que antigas lealdades têm que ser jogadas fora em nome de projetos institucionais. Pobre Urias, sua morte trágica revelou a bestialidade do rei, o servilismo dos soldados e a banalidade da vida. Não era para ser assim, mas foi. Depois, Deus cobrou de Davi, mas isso é outra história...
Ricardo Gondim é pastor da Igreja Betesda
Autor de vários livros entre eles
"Missão Integral" ed Fonte Editorial
www.ricardogondim.com.br
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Refinaria
Reginaldo Francisco
Interrogo-me constantemente sobre as impurezas (in)dissolúveis do coração. Estas impurezas são resultados de relacionamentos mal vivenciados, superficiais, egoístas e pretensiosos; são quimeras teológicas fundamentalistas; são falsas crendices absorvidas ao longo do tempo nos redutos pentecostais; são momentos simples não vivenciados por sobrecarregar a agenda com compromissos frívolos.
Interrogo-me constantemente sobre as impurezas (in)dissolúveis do coração. Estas impurezas são resultados de relacionamentos mal vivenciados, superficiais, egoístas e pretensiosos; são quimeras teológicas fundamentalistas; são falsas crendices absorvidas ao longo do tempo nos redutos pentecostais; são momentos simples não vivenciados por sobrecarregar a agenda com compromissos frívolos.
Redescobri que a "casa de livros" é uma refinaria. Lá posso purificar-me! Com uma dose de poesia, com a fragrância dos romances e com o evangelho destilador, consigo fracionar os elementos que formam meu caráter, responsáveis em dizer quem eu sou.
Assim estarei puro? Não! Mas na refinaria literária o craqueamento me humaniza, pois descubro que não sou totalmente (im)puro.
Destilado, preciso com responsabilidade, separar o melhor de mim.
RF
07/05/10
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